Este texto é um marco. Ele marca o início deste blog, é verdade, mas também marca uma decisão feita para 2019, a decisão de tirar do papel o meu projeto de escrever, de destrinchar as ideias que anotei – e só anotei – ao longo de 2018. Já em 2017, quando iniciei o meu canal no Youtube, o Python Café, eu pretendia escrever. Inicialmente, escreveria textos que tivessem alguma ligação com tecnologia, mas que pudessem ser acessíveis a um público mais amplo, sem conhecimentos técnicos sobre aqueles assuntos. Porém, após escrever dois textos, a proposta de publicar vídeos e textos mostrou-se desgastante demais para a rotina na qual eu estava imerso. Pensei em ajustar as coisas em 2018 e, na hora de escrever as metas do ano, acrescentei: publicar um livro. Pois é, não rolou.
Ironicamente, 2018 foi um ano em que eu escrevi bastante. Escrevi relatórios, artigos científicos, resumos, descrições de trabalhos, roteiros de vídeos para o meu canal, códigos de programas, além de longos emails e conversas de WhatsApp. O projeto não avançou, mas a escrita evoluiu de alguma forma. Felizmente, não parei de coletar ideias sobre o que escrever e, na verdade, vejo com frequência assuntos sobre os quais gostaria de fazer meus registros. Acredito que assunto não irá faltar em 2019 – quem me conhece talvez pergunte se alguma vez já faltou.
Agora, se a vontade de escrever era tanta, por que não saiu do papel antes?
Esse não é o primeiro projeto que precisou me causar muito desconforto até que eu decidisse me comprometer. O meu canal no Youtube foi idealizado em maio de 2016, mas só se concretizou em setembro de 2017. Em julho de 2016, eu tentei gravar meu primeiro vídeo, mesmo estando em viagem! Improvisei cenário e câmera, gravei várias tentativas, mas não conseguia gostar do que eu via, não conseguia aceitar o meu trabalho. Depois de dois dias tentando, comecei a pensar no momento conturbado, em que me encontrava: estava no meio do recesso das aulas do meu 2o ano do mestrado e precisava defender uma boa dissertação; tinha uma multa altíssima a pagar ao Exército, por ter pedido demissão da carreira antes de 5 anos de serviço após formado – uma indenização dos custos de formação; precisava concluir um projeto de aplicativo desenvolvido para um edital (InovApps) promovido pelo (então) Ministério das Comunicações; havia me envolvido na condução de uma campanha política para vereador; e, claro, vivia uma “baguncinha” na vida pessoal também. Pois bem, nessas circunstâncias, optei por postergar o canal e fiquei sofrendo com aquele incômodo de ter uma ideia bacana que não saía do papel.
Tá, mas a gente tava falando de escrever, não do canal!
2018 foi um ano de grandes conturbações pessoais e profissionais. Isso não quer dizer que foi ruim, na verdade, considero o saldo muito positivo – eu sempre acho o saldo positivo. As conturbações, contudo, forçam adaptações nos planos. Em abril, eu me tornei formalmente professor, algo com que eu sonhava, mas não esperava que ocorresse logo em 2018. Essa nova função exigiu tempo e algumas adaptações, em contrapartida me proporcionou uma experiência fantástica. Felizmente, tenho consciência dos demais eventos que ocorreram e das escolhas que realizei, de modo que não lamento não ter escrito como eu pretendia. As trocas foram “mais do que justas”.
Para chegar a esse texto, contudo, foi necessário ainda resolver outras duas questões. A primeira era vencer a dificuldade de expor textos que manifestassem a minha maneira de pensar. Diria que é algo mais próximo de uma forte autocrítica do que da timidez. Uma das dificuldades de se fazer algo baseado em conteúdo está na aceitação do seu conteúdo e, frequentemente, nós somos os maiores críticos de nós mesmos. Antes de iniciar o canal, passei por uma barreira similar, mas já estava acostumado a conteúdos de caráter técnico. Agora, eu precisava expandir esse desprendimento para coisas de outras naturezas. A segunda questão que tive que resolver diz respeito ao processo de escrita e publicação em si. Quando eu pensava numa das ideias que eu tinha registrado, também pensava no processo longo que seria escrever um texto digno da mensagem que eu gostaria de transmitir e somava isso ao trabalho que eu teria para publicar num espaço que fosse meu. O que eu tinha a disposição era o site do Python Café e, pela forma como eu o desenvolvi, era sempre trabalhoso adicionar ou editar conteúdo nele. Essa situação me desestimulava um pouco, era algo que me “ajudava” a procrastinar. O ano foi muito intenso, é verdade, mas será que não dava para ter escrito nem um textinho?
Eu cogitei publicar no Medium ou no Linkedin, duas plataformas que eu uso bastante, mas no fim das contas eu queria ter um espaço meu e não podia ser um espaço qualquer. Eu queria um site que eu tivesse controle sobre a sua forma e pudesse hospedar gratuitamente, porém precisava de uma maneira de adicionar conteúdo em que eu só me preocupasse em escrever e formatar o texto. Somente no final de 2018 é que eu fui atrás de uma solução que unisse tudo o que eu precisava. Ao longo do ano, porém, busquei consumir conteúdo de autores que compartilhavam práticas sobre como escrever com melhor qualidade e de uma maneira mais eficiente.
Bom, escrever aqui para mim será um hobby, mas é um hobby que exige trabalho. É um hobby, porque não tenho fins comerciais – não vou me opor se quiserem me pagar, hahaha – mas pretendo manter a regularidade. Uma coisa que me incomoda bastante hoje em dia são textos sem conteúdo. As pessoas compartilham títulos chamativos e quando você abre, há apenas um parágrafo, quando não é uma única frase, que não acrescenta qualquer conteúdo. Não há detalhes sobre o que você esperava ver, nem um relato de experiência, uma proposição de reflexão, enfim, nada. Eu gosto de ler, porque espero que me acrescente algo e eu espero conseguir transmitir algo também com meus textos. E aqui eu vou falar de animes, motivação, tecnologia, política, livros, epistemologia, ficção, astronomia, enfim me parece que vai ser diverso, mas no fim vai ter sempre algo em comum, porque vai ter a minha cara!